9.15.2009

Derradeira hora.


É um momento,
fugaz e lento
em que uma luz se apaga.

A existência,
em senescência,
o universo no fim,
apocalipse pessoal,
observado por todos,
não só por mim.

Os olhos perdem o brilho,
o corpo segue no trilho,
mas a alma evapora.

Olhamos e não mais enxergamos,
o "anima corporis" vicejando.

Somos meros passageiros,
deste barco chamado corpo,
que um dia ancorará,
neste inexorável porto,
descerá a alma,
elegante e com calma,
dirá: "- Adeus matéria!"
E serena partirá,
quem sabe um dia voltará
da sua jornada etérea.

Evolução de um sentimento



Hoje acordei contigo, junto, perto, amigo,
lembrei nosso começo, amigo sem endereço,
em mudança, em correria, buscando abrigo.
Solitário em mundo binário, sofrendo sem apreço...

Então nos encontramos, tropeçamos, no identificamos,
muitos olhares furtivos desses louco figitivos
nessa virtual ilusão de realidade
nos apaixonamos
nos ferimos, erramos, traímos mas ficamos,
tentamos, oh como tentamos...

Hoje sobrevivente do cismo,
enfrento abissal abismo,
Porém me vejo vestida de pixel brilhante,
sou luzente feiticeira viajante,
que voa, flutua, não mais despida, nua,
vestida de consciente realidade,
te amo fraternamente,
de uma forma, doce, decente,
amarrada em eterna terna corrente
construída com elo de fraternidade
unidade com a solda da realidade,
chamada por todos de amizade.

Aurora lilás



Desperto,

O corpo ainda pesado,
o rosto ainda inchado, vermelho,
das dores refletidas em espelho,
de um recente "passado".

Levanto-me,

Despida de qualquer encanto,
respingada ainda de pranto,
mas respiro, suspiro e me viro.
Ergo-me, ereta percebo-me, levanto.

Visto-me,

Vestindo-me de cotidiano,
me vejo coberta de pano,
exorto o sentimento humano,
chamado sobrevivência,
parto para mais um parto
no mudo mundo da ciência.

E assim começa o dia:

Lenta e incoersivel correria,
que me ocupa, me absolve,
dissolve a minha face oculta,
me faz mulher adulta
e capaz.


Encontro,

Mais uma amiga deste conto,
chamado vida,
minha amiga-flor, Margarida,
e choro, de novo de vermelho me coro,
e choro é nosso coro com voz de dois sotaques.
golpeadas por simultâneos similares baques,
dividimos nossas tristezas, dores e incertezas,
da vida com sutilezas de viajante dimensão.

Percebo,

Que viver não é ter medo,
é sempre achar que ainda é cedo,
que nunca é tarde,
é beber bebida que arde,
mas também alegra,
essa bebida de delirante entrega,
a vida,
as vezes triste, as vezes bandida,
mas eternamente bebida,
intensamente vivida
concreta não imaginada,
que deve ser reta e não desviada,
inevitável, as vezes só suportável,
as vezes inominável,
mas minha arte favorita,
viver de forma irrestrita!!!!!

Prossigo,
nem penso como consigo,
mas vou vivendo,
o mundo acontecendo,
o destino se tecendo
a cada hora.

Entrego-me

As forças do bem,
de cor transmutante lilás:
Que o universo se faça luz!
Lilás, que transmuta e traz paz.

Envolvo-me

Neste mágico capuz,
e entôo este cântico transatlântico
que semeia amor e luz.

Torno-me,
(finalmente)

Apenas um "quanta"
de energia vivente,
envolta em mágica manta
de poetisa sobrevivente.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...