8.18.2009

Conversa com a alma

Porque me gasto em redemoinho casto
de decência forçada, amargo pasto,
onde me posto, me mostro, nua postada,
meia mulher negra, vestida, negada.

Meu pequeno cubículo de segredo
meu sereno currículo sem medo
serias tu meu veneno, meu fim, ledo,
serias tu meu ameno sopro de degredo.

Que te definas, pois minh'alma definha
que te termines, pois minh'alma caminha
e não espera, tem pressa, aflita berra.

Anda, vai em frente, chega ser dormente!!!
Te levanta, te olha, te enxerga,
Vês de uma vez a luz que tua alma enverga.

Amor ruim

Quando leio tenho até receio
pois tua métrica, férrica arrebenta,
minha lenta e analítica cabeça,
(já crítica em uma terça)
talvez um dia te esqueça
talvez saibas que sei que te irrito
talvez saibas que sei que te grito
quando sussurro ouves um urro?
quando te afago quase te afogo?
quando te trago quase te evaporo?
Porque então me apavoro
se este amor é irreal?
Porque me ponho a suar por cada poro
esse amor triste, insano, surreal que insiste?
Por que és assim:
mais forte que eu amor ruim!!!!!

soneto torto

Não entendo porque te lendo,
acabo me vendo sendo sendida,
aberta, remexida, mesmo não tendo
aberta, contígua purulenta ferida.

Mas sinto uma repulsa, que pulsa,
mas anima, me inspira ao reverso
me dá inpiração, ação avulsa,
insensata mão, escriba em verso.

Que procura, insana cura cega,
para a doença que não se nega
a adoecer, quem vive na solidão.

vai corrói me escasso coração
me tira, me puxa pela mão,
desta insana luta casta que não chega.

Seria?

Sinto o repelir de uma vontade, em grito,
sinto o insone sopro do vento indeciso,
sinto o inciso de teu verbo, incisivo,
patente, em meu esotérico espírito.


Seria isto apenas uma semente na vala,
Brotando da negrura úmida da terra?
Será que se enterra no verbo que fala?
Será que cala minha boca que berra?

Seria uma tala, uma prótese qualquer?
ou apenas uma mala, onde cabe uma mulher?
seria uma vala, comum, interna?

Onde se enterra a mulher que fala,
que escreve conscrita, triste hiberna,
nestá ibérica península feérica.

Quem sou eu

Minha foto
Eu sou o fio que liga os pensamentos... o cio dos momentos de afeto... sou o furo no teto... que deixa ver as estrelas... sou a última... não as primeiras... fico no fim da sala... acalmando a alma... que não cala... silenciosa em desatino... sou as palavras sem destino... voando pela goela... sou a alma que berra... o sentimento insano... sou boneca de pano... na infancia da pobreza... sou o louco que grita... as verdades para a realeza... é sou eu... espelho torto do mundo, amor de Prometeu, fogo ao homem, fome de pássaro pontual e solução de caduceu...